Falar sobre mau hálito deveria ser tão comum quanto falar para uma pessoa que ela está com batom ou feijão nos dentes. Mas sabemos que não é bem assim! Aliás, muitas pessoas não se sentem confortáveis nem para falar sobre o feijão.

Pois bem, acontece que isso é fundamental para que a pessoa busque tratamento. Afinal, ela pode estar com o hálito alterado e não saber. E isso pode acontecer com qualquer pessoa, independente de idade, gênero ou classe social.

Por isso, leia esse artigo até o final e entenda:

  • Quais são os tabus envolvidos.
  • Porque a pessoa não é um bom avaliador do seu hálito.
  • Quais as consequências dessa alteração na vida de quem enfrenta o problema.
  • Qual a melhor forma de falar sobre isso.

Desmistificando o assunto

“Mau hálito? Deve ser falta de higiene. Será que ele está escovando os dentes?”
“Nossa, que hálito horrível, essa pessoa deve ser muito relaxada.”
“Ele deve ter problema de estômago. Por isso o mau hálito.”

Afirmações como essas são tão comuns quanto devastadoras, quando o assunto são os tabus e pré-conceitos que envolvem a alteração no hálito.

Primeiro porque o mau hálito não está necessariamente ligado a hábitos de higiene. Pelo contrário, o comum é que as pessoas com a alteração pratiquem até uma hiper-higiene, escovando os dentes muitas vezes ao dia e chegando a machucar a língua no ímpeto de limpar e resolver o problema.

Instruções de higiene fazem parte do protocolo de tratamento do hálito. Mas isso acontece  porque, na prática, o fato de escovarmos os dentes e usarmos fio ou fita dental diariamente não garante que sejamos efetivos nessa ação. Pelo contrário, a maioria absoluta da população não sabe fazer isso do jeito certo.

Por isso, tenha em mente que mau hálito não tem – necessariamente – relação com higiene bucal.

Mau hálito também não é culpa do estômago

E também não é culpa do estômago, como muitas pessoas pensam. O estômago responde a menos de 2% dos casos e não adianta procurar remédios caseiros (clique aqui e saiba mais sobre remédios caseiros para mau hálito) pensando que algum composto vá melhorar a digestão e resolver o problema.

As causas mais comuns são a formação excessiva de biofilme lingual (saburra lingual), doença periodontal e alterações no fluxo salivar. Mas também pode ser um sintoma de desequilíbrio no organismo provocado por diabetes descompensada, problemas renais e até alguns tipos de câncer.

E agora que você entendeu isso, já sabe que é importante falar sobre o assunto e talvez esteja se perguntando porque uma pessoa não é capaz de avaliar seu próprio hálito.

A tal da fadiga olfatória

Isso acontece porque o nosso olfato se adapta aos cheiros aos quais somos expostos com frequência. Por isso, deixamos de sentir o perfume que usamos diariamente ou mesmo o cheiro de tinta de uma sala recém pintada. E também os odores corporais como o hálito, suor ou mesmo o chulé.

Essa condição faz com que não sejamos capazes de avaliar o nosso próprio hálito e invalida autotestes bem divulgados na internet como juntar as mãos em concha, assoprar e cheirar ou lamber o dorso da mão e cheirar.

Por que falar sobre alterações no hálito?

A melhor alternativa para verificar se o hálito está alterado é perguntando para as pessoas de sua convivência se elas percebem cheiro ruim do hálito expelido pela boca e pelas narinas. Ou procurando um Cirurgião-Dentista qualificado para o tratamento do hálito e fazendo uma halimetria, que é a avaliação do hálito, e uma sialometria, que é o exame que identifica alterações na quantidade ou na qualidade da saliva.

Mas se uma pessoa não sabe que está com o hálito alterado, ela não tem como verificar isso, não é mesmo?

Muitas vezes ela se sente sozinha, isolada, percebe que as pessoas se afastam, e simplesmente não entende o motivo. No entanto, se ela souber, pode procurar tratamento, controlar a alteração e recuperar sua vida social, profissional e amorosa.

Agora você consegue perceber a importância de falar sobre o assunto?

Então, como falar para uma pessoa que ela tem mau hálito?

A principal dica é exercitar a empatia! Fale sobre o assunto em particular e diga que você tem notado que ela está com o hálito alterado e que se preocupa porque isso é um sinal de desequilíbrio no organismo.

Por isso você tomou a decisão de falar sobre o assunto, afinal halitose tem tratamento e ela pode procurar ajuda de um Cirurgião-Dentista qualificado.

No site da Associação Brasileira de Halitose www.abha.org.br é possível encontrar profissionais em quase todo o Brasil. Cirurgiões-Dentistas que investiram em cursos e têm experiência para conduzir o caso.

Você pode dizer também que essa pessoa não está sozinha. A alteração no hálito é tão comum que, de acordo com dados da própria Associação Brasileira de Halitose, 32% da população do Brasil é afetada pelo problema.

Ainda assim, se falar sobre o assunto não for confortável para você, a Abha tem um serviço chamado SOS Mau Hálito, no qual é possível comunicar de forma anônima. A Associação envia um email falando sobre o assunto e compartilhando orientações sobre o tratamento.

O que não podemos fazer é deixar pessoas sofrendo com restrições de todos os tipos, sem fazer nada. Pessoas que passam às vezes uma vida inteira se sentindo excluídas, sozinhas e sequer tem a chance de entender o que acontece e mudar isso.

Então, vamos falar sobre o assunto! Vamos criar oportunidades de mudar vidas! E se você gostou desse texto e sabe de alguém que possa se beneficiar com essas informações, compartilhe esse conteúdo. Acredite, isso faz toda a diferença!

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